segunda-feira, 5 de maio de 2014

No PI, mais de 1 milhão de pessoas são dependentes do 'Bolsa Família'

Em 2013, as transferências do Bolsa Família somaram R$ 24,9 bilhões em todo o país

Os números mais recentes do Programa Bolsa Família revelam uma situação de dependência da maioria dos piauienses ao programa. Atualmente, um milhão e 929 piauienses estão inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), ou seja, mais da metade da população do Piauí, que é de 3.140.213 habitantes. De acordo com Roberto Oliveira, coordenador estadual do Bolsa Família, o número de pessoas no cadastro único, que dá acesso aos demais programas sociais, não significa o número de beneficiários mas, ainda assim, ainda é alto.

"Hoje em dia são 451.137 famílias que recebem o benefício no Piauí, se nós multiplicarmos esse número pela média da família brasileira, apontado pela Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (PNAD), que é de 3,8 pessoas por domicílio, temos pelo menos 1.714.303 beneficiários, ou seja, mais da metade das pessoas estão incluídos no projeto", afirma.

Atualmente, 14,1 milhões de famílias, quase 50 milhões de pessoas, são atendidas pelo Bolsa Família em todo o país. Em 2013, as transferências do Bolsa Família somaram R$ 24,9 bilhões em todo o país, sendo que no Piauí o total pago chegou a mais de R$ 903 milhões no ano passado.

Os números apresentados pela coordenação estadual do Bolsa Família indicam que 60,58% da população piauiense estão inscrita no cadastro único e que pelo menos 53,83% dependem do programa e, portanto, tem uma renda per capta inferior a R$ 140 mensal. Para o sociólogo e professor universitário Geraldo Carvalho, essa situação ao invés de reduzir a pobreza, cria uma situação de subserviência e dependência da população mais carente em relação ao governo.

"Do ponto de vista econômico, a consequência é a perpetuação da miséria e das desigualdades sociais. Do ponto de vista político, é a utilização desse programa como mecanismo de manipulação eleitoral. Os governos, em todas as esferas do Estado, têm o Bolsa Família como um instrumento de cooptação. Assim, o Bolsa Família se define como um programa de compra de votos", opina o sociólogo.

O Programa Bolsa Família foi criado pelo Governo Federal em 2003 e integra o Fome Zero. De acordo com a proposta do programa, o objetivo central é assegurar o direito humano à alimentação adequada, promovendo a segurança alimentar e nutricional. É um programa de transferência direta de renda e é destinado à parcela da população mais vulnerável à fome, com renda per capta ente R$ 70 e R$ 140.

Até mesmo quem é crítico em relação ao programa concorda que ele oferece um alívio imediato na pobreza. Porém, as soluções são paliativas e acabam tendo um resultado inverso ao objetivo, é o que acredita Geraldo Carvalho.

"Em favor da população e da sociedade como um todo, não vejo positividade nesse programa, isso porque esse tipo de programa é uma clara política de cooptação e a subserviência, mantendo a alienação em estágio máximo na massa já desprovida de consciência crítica", afirma o sociólogo. (Do Jornal Diário do Povo).

Nenhum comentário:

Postar um comentário